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Moonfall – Ameaça Cinematográfica

Filme catástrofe “raiz”, com Roland Emmerich no comando, orçamento de blockbuster, com a estrela Halle Berry e o grande Patrick Wilson no elenco, além de um time bacana de atores coadjuvantes, só pode significar um belo cinema-pipoca com muita ação e destruição, certo?

Infelizmente, errado.

Por mais que os negaciolóides da sétima arte venham com os clichês “mas é muito mimimi” e “você só gosta de filme cult”, não tem burrocentrismo que salve Moonfall.

O filme sequer entra naquele limbo dos “filmes tão ruins que ficam bons”, o que é uma pena, porque obviamente Emmerich e o pacote temático de uma lua que entra em rota de colisão com a Terra nos fisgariam facilmente se o produto fosse minimamente aceitável, como por exemplo um 2012 (o filme que destruiu o mundo e a profecia Maia no ano de seu nome).

 

Emmerich – o mestre do catastrofismo-pipoca

Quem não se deliciou nos cinemas com a patriotada americana de Independence Day já estava morto por dentro lá em 1996. Depois dos bons Soldado Universal e Stargate, Emerich tinha estofo [aka boas bilheterias anteriores] em Hollywood para fazer o filme que sempre quis, no estilo que sempre gostou, e nos trouxe essa bela obra redondinha (no bom e no mau sentido) da invasão alien mais belicosa e divertida que o cinema já tinha produzido.

O cineasta nunca repetiu o sucesso de ID4, é verdade, mas ainda nos brindou com boas pérolas como Godzilla, O Patriota, 10.000 AC, o já citado 2012 e White House Down, além de uma continuação tardia da invasão Alien, o anacrônico Independence Day Ressurgimento, que só se sustentou pela nostalgia mesmo.

E conseguiu, quem diria, um reconhecimento inclusive qualitativo em O Dia Depois de Amanhã.

Em todos esses casos (talvez menos no último), os filmes de Emmerich infringem sem dó leis da física, lógica básica, linearidade temporal e até continuidade mesmo. E se analisados, seus filmes traziam mais buracos de roteiro do que as crateras da lua.

Mas o mais importante: seus filmes conseguiam ativar nossa suspensão de descrença de modo que curtíamos todos numa boa tudo o que a tela nos mostrava, sem nos preocuparmos por exemplo em como é que o vírus do Jeff Goldblum interagiu com o sistema operacional não-Microsoft alien em ID4.

 

“Deslige o cérebro e assista como se não houvesse amanhã”

Para muitas pessoas, existem os filmes em que temos que abstrair a lógica e qualquer bom-senso humano, inclusive aqueles relacionados às ciências, para podermos nos divertir.

Essa afirmação negaciolóide é a mesma que permite às pessoas [de esquerda e de direita] terem seus políticos de estimação, ignorando os ilícitos que eles cometem, para continuar a apoiá-los, ou para continuarem endossando seus discursos fictícios.

Isso é uma mera desculpa para proteger seus filmes de estimação. O filme é ruim? “Desliga o cérebro e aproveite ao invés de apontar defeitos”.

Por mais que alguém como eu se sujeite a apreciar a franquia Sexta-Feira 13, por exemplo, reassistindo literalmente dezenas de vezes cada um de seus filmes e me divertindo demais com [quase] todos (as partes 5 e 9 não têm jeito), os problemas todos estão ali presentes e não são esquecíveis. O que ocorre é que eles passam a fazer parte do pacote que compramos, ou seja, a falta de qualidade é responsável também por nos fazer gostar daquilo.

Por isso que tal situação é muito comum nos filmes de baixo orçamento, os chamado “filmes trash”, ou que não se levam a sério.

E é por isso que não dá pra pegar um filme que foi feito como produto de primeira linha e aplicar essa realidade.

 

Moonfall – digno do SyFy Channel

A partir daqui temos spoilers.

O último filme de Emmerich teve um orçamento de 150 milhões de dólares, o que o faz um dos mais caros da História. Ainda assim, os [d]efeitos especiais são bisonhos e o cara que criou o design da criatura deve ter ameaçado a vida de Emmerich para ele ter aprovado algo assim. Essa é a única explicação para aquela minhoca pixelizada voadora ter sido produzida.

Os absurdos conceituais da obra não ofendem, e são inclusive uma tradição nos filmes de Emmerich, ainda que aqui eles sejam realmente inaceitáveis.

As atuações de Berry e Wilson não comprometem, aliás, o único ponto positivo do filme é a atuação dos protagonistas, mesmo com os diálogos a la George Lucas em alguns momentos.

Mas o maior problema realmente foi terem gasto todo o orçamento na renderização do “Galactus Lunar” (pois é, lembram do trágico Quarteto Fantástico e Surfista Prateado?) e não ter sobrado nada para contratar um astrofísico. Ou pelo menos um professor de física do primário de uma escola brasileira. Ou no mínimo contratar alguém para assistir o canal Ciência Todo Dia do YouTube, talvez o mais básico e didático de física de toda a plataforma.

O resultado é um filme que tem uma história que poderia ser super divertida se filmada de forma minimamente decente (já que aborda uma salada de conceitos sci-fi amalucados mas bem bacanudos como a estúpida mas vistosa Esfera de Dyson e o ancestral temor de que a lua um dia desabe sobre nossas cabeças), mas que vira apenas um filme do SyFY Channel, com cenas risíveis, sidequest besta da família em apuros, quartel general dos militares com cenários de mil dólares, naves espaciais há décadas em museus mas que funcionam normalmente, lua que 1 segundo após a explosão da bomba já muda o curso e volta à órbita da Terra, general que se nega a cumprir ordem presidencial para salvar o mundo e ninguém reage nem faz nada, apenas ficam todos ali parados vendo ele se negar a girar a chave, etc.

A questão mais absurda retratada no longa é quando a Lua chega tão perto da Terra que toca sua superfície, e na cena vemos o nosso satélite com apenas alguns quilômetros de diâmetro. A cena é tão bisonha que ofusca os demais assassinatos científicos cometidos ao longo do filme, mas confesso que chega a nos arrancar o único riso que a película merece. No mau sentido, mas arranca.

 

O GPS da reentrada acidental

Moonfall é mais um filme que traz o famoso fenômeno do “GPS da reentrada acidental”, na qual algo ou alguma coisa sai da Terra e retorna, sem planejar, a um ponto muito próximo ou exatamente onde é conveniente para a história. Um grande exemplo desse fenômeno inexplicável de coincidência orbital no cinema é o Superman caindo inconsciente exatamente no meio de Metrópolis depois de deixar o continente de kryptonita no espaço em Superman – O Retorno. Na ocasião, Kal-El sai do planeta em uma linha ascendente de 90 graus em relação ao seu ponto na superfície, e consegue jogar o continente no espaço. Depois, desmaia e cai de volta, ignorando a rotação do planeta, e consegue a proeza de atingir o “Central Park” de Metrópolis. Ou o de NY mesmo, tanto faz.

 

Conclusão

Moonfall é um filme típico do SyFy Channel, bem ruim e mal feito, apesar do orçamento gigante e do elenco estelar. Uma pena. No fim, ao contrário da maioria dos sucessos de Emmerich, é esquecível e boboca, mesmo tendo um plot muito interessante (não necessariamente factível) para quem gosta do tema e de cinema-catástrofe. Um desperdício imperdoável.

 

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1 Comentários

  1. a lua que toca a Terra nesse filme é o planeta do Pequeno Príncipe kkk se andar por ela por uns 10 minutos vc deu a volta completa!!!

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