Palmeiras: o pior ganhador do Brasil com mentalidade de clube médio

Os títulos enfileirados, o dinheiro sobrando por conta de um mecenato travestido de patrocínio e uma grandeza [artificialmente] inflada nos últimos anos que catapultaram o birrebaixado aos píncaros da glória atual não adiantaram de nada.

O Palmeiras continua, pelo menos na mentalidade, o mesmo clube médio que não consegue conquistar um título sem ajuda de co-gestão, parceria empresarial ou mecenato, desde 1976.

As tecnicidades das afirmações contidas nos dois primeiros parágrafos são facilmente explicáveis, e se autocompletam.

Pelas próprias forças, o Palmeiras não levanta uma taça desde o Paulista de 76. Foi sair da fila nos anos 90 graças à co-gestão Parmalat. Depois da saída da multinacional, graças aos problemas internacionais com a justiça (os detalhes do escândalo internacional da empresa e seu "esquema" financeiro/esportivo ficam para outro post), a realidade bateu e o rebaixamento 1 veio.

Um novo título só chegou quando foi feita uma parceria com a Traffic. E mesmo assim graças ao caso do "gás de pimenta". Lamentável.

Nova era de Palmeiras em estado puro e o rebaixamento 2 confirmado.

E aí vieram os dois mecenatos, primeiro o do Paulo Nobre, e agora o de Leila Pereira. Ambos com nuances de "patrocínio", "ajuda", "investimento", etc. No caso de Leila, usando suas empresas como "patrocinadores". Mas, obviamente, o que importa é que injetaram dinheiro no clube e/ou trouxeram jogadores que o clube sozinho não traria, nem com patrocinadores "justos". No caso da Crefisa, não esqueçamos que até multa da Receita Federal tivemos por conta de irregularidades na gestão dessa movimentação financeira enorme entre as partes.

Ora, se um clube só consegue títulos quando não está dependendo apenas de suas próprias forças, e ainda consegue ser rebaixado duas vezes nesses interlúdios, gigante ele não é. E se não é gigante, o gigantismo atual é artificial, tal qual ocorre com Manchester City (um clube pequeno da Inglaterra, alçado artificialmente ao gigantismo inglês - e europeu, em breve - por investidores externos).

O City nunca foi gigante. Ele está gigante. O Palmeiras deixou de ser gigante lá nos anos 80. Ele esteve gigante em duas oportunidades, desde então, de forma artificial (uma delas é a atual).

O próprio presidente de direito do Palmeiras antes de Leila (que já o era de fato, mesmo naquela época) já declarou que sem a Crefisa (que ele admitiu pagar valor de patrocínio acima do valor real do clube) o Palmeiras seria um clube médio, beliscando um título ou outro de forma intermitente, lutando apenas com as próprias forças.

Não foi um torcedor adversário ou um jornalista parcial quem afirmou essas duas coisas. Foi o presidente de direito do Palmeiras na época.

Enfim, tudo isso foi relatado para mostrar que o Palmeiras, de fato, não é um grande clube, desde o fim dos anos 70. E essa mentalidade se manifesta quando o vemos triunfar, como no último domingo, quando venceu o São Paulo e sagrou-se campeão paulista.

Quando o time foi batido pelo mesmo adversário no Morumbi na quarta-feira, não vimos nenhum membro do clube Tricolor tirar sarro ou desrespeitar o time crefizense. Nenhum jogador também. Pelo contrário, todas as declarações foram no sentido de respeito e reconhecimento de que do outro lado havia um time melhor e ainda favorito.

Mesmo assim o Palmeiras fez o "dever de casa": seu técnico declarou que não importava o resultado de Domingo, o campeonato estava manchado. O clube do Parque ainda criou uma celeuma porque o São Paulo pediu para o regulamento ser respeitado e o jogo decisivo não ser adiantado para Sábado (provavelmente em 50 anos os palmeirenses falarão que o Tricolor tentou tomar o Allianz para si...).

Após o título no Domingo, vimos jogadores do Palmeiras se referindo de forma homofóbica e grosseira aos colegas de profissão, e também tirando sarro e desdenhando dos tricolores. Teve até desrespeito com Hernanes, por um post na qual ele se confundiu, achando que o jogo de quarta era o último.

É evidente que os palmeirenses extravasam quando vencem o São Paulo, que sempre foi algoz do alviverde. Em 19 mata-matas entre os dois, a vantagem Tricolor é de 14x5. E essa foi a primeira final vencida pelo Palmeiras contra o rival. Historicamente, a freguesia é enorme e um título nessas condições gera mesmo sentimento de vingança.

Mas há que se dar ênfase à falta de respeito do clube nas vitórias, e nas lamentações esdrúxulas nas derrotas, como quando tentou novamente diminuir o torneio após a derrota de quarta, por conta de um lance duvidoso no primeiro gol do São Paulo.

Imagina o Tricolor saindo de campo domingo alegando que o título palmeirense era manchado por conta do erro da arbitragem no segundo gol crefizense?

Pois é.

Esse comportamento palmeirense é recorrente. A cada título perdido, a cada campeonato não vencido - mesmo quando seria obrigação, pelo elenco e orçamento que tem - vemos o Palmeiras desdenhar dos vencedores ou minimizar o campeonato. E quem esquece o técnico palmeirense dizendo em 2021 que o São Paulo "não tinha sido melhor que o Palmeiras em nada" após perder a final e o título? Parece notícia do Olé do Brasil, mas não é.

E a cada título, ao invés de enaltecer suas conquistas, o clube parece preferir "responder" os adversários.

É a mentalidade daquele clube lá dos anos 70, que nunca mais conquistou um título sem alguma ajuda externa.